
Mas por que estou falando sobre esse assunto? É que essa questão me fez refletir sobre o hábito de leitura do cristão brasileiro e a influência que o seu twitter, o seu Facebook e outras mídias de Internet estão tendo sobre o teu cérebro.

Fato é que a minha geração não tinha dificuldades para ler livros longos. Li na biblioteca da escola todos os livros de Sir Arthur Conan Doyle, Agatha Christie, muitos de Jorge Amado, Edgar Allan Poe, Homero, Drummond, Paulo Mendes Campos, Fernando Pessoa e muitos autores que ajudaram a formar quem Mauricio Zágari é hoje. Cada livro era uma emoção nova: viajei ao galante Rio de Janeiro do passado com Machado de Assis, passeei com José de Alencar pelas florestas, chorei nas ruas de Budapeste com “Os Meninos da Rua Paulo”, tive minha sensibilidade profundamente abalada com Gabriel Garcia Marquez – por quem me apaixonei e li tanto que hoje me sinto íntimo e chamo pelo apelido, Gabito. Meu amigo Gabito, que tantas vezes me fez rir, sorrir, chorar, me emocionar, sonhar… tudo usando apenas tinta sobre papel. E se você conhece as grandes obras do Gabito, como “Cem anos de solidão” e “O amor nos tempos do cólera”, sabe que não são livros nada, nada, nada curtos.

Twitter: 140 caracteres. Orkut e Facebook: pequenos scraps. Blogs: 3 ou 4 parágrafos. Ou seja: os formatos de texto da internet estão nos deseducando a ler textos longos. Nos tornando mentalmente preguiçosos. E textos longos nao são longos porque o escritor é um tagarela ocioso que não tem o que fazer e por isso escreve muito. Eles são longos porque há algo a ser dito e supõe-se que cada parágrafo tenha sua função e seu valor.
Temo pelas futuras gerações, em especial de cristãos. Eu entendo que muitos acessam a web no trabalho e por isso não tenham muito tempo livre. Mas no meu entendimento, uma reflexão sobre a fé não tem nenhuma razão de ser se de fato o leitor não for tocado pelo que lê e possa, assim, ser conduzido a um crescimento, à edificação, ao arrependimento ou, no mínimo, a uma reflexão. Nem que para isso tenha de imprimir aquele texto para ler no ônibus, em casa ou onde for.

Amado, amada, use a internet. Use as mídias sociais. Mas, pelo amor do Nosso Senhor, não abra nunca mão de ler bons livros. Ler textos longos evita a atrofia e a preguiça mental do teu cérebro e, por conseguinte, o emburrecimenro da Igreja.
Eu temo por uma Igreja que não tenha paciência de pegar um J.T.Wright, um Alister McGrath, um Dallas Willard, uma Teologia Sistematica de 1.200 páginas… por ter preguiça de ler. Que prefira formar sua bagagem de conhecimentos por twits de pastores-poetas que escrevem bonitinho ou de pastores-celebridades que têm mais de 80 mil followers mas só falam abobrinha atrás de abobrinha nas mídias sociais. E a consequência disso está escrachada nos tuites e scraps de quem segue essa gente, que acaba passando horas escrevendo coisas absolutamente irrelevantes e, honestamente, inúteis – claro que não estou falando de você, querido leitor, porque, afinal, você gosta de ler textos que tenham o tamanho que precisem ter e só usa as mídias sociais para tratar de assuntos maduros e relevantes, não é?
Na porta da biblioteca de minha antiga escola havia um cartaz com uma frase que uns atribuem a Malba Tahan e outros a Monteiro Lobato. Na verdade, o autor aqui não importa, é a verdade contida na reflexão que chama a atenção: Quem não lê mal fala, mal ouve, mal vê. É isso aí. Que nossa Igreja (e você que me lê é parte dela) não perca sua capacidade bereana, apologética, crítica e devocional por não gostar de ler textos longos. Isso significa, acima de tudo: LIVROS!!! Por preguiça mental. Por flacidez cerebral.
Não importa o tamanho do texto. Não importa o tamanho do livro. Se de algum modo edifica sua vida, leia. E, assim, além de fortalecer seu cérebro pelo uso e pela aquisição de conhecimento, vc pode ler reflexões que vão mudar sua vida – pois livros mudam vidas. Coisa que dificilmente 3 ou 4 parágrafos fazem.
Paz a todos vocês que estão em Cristo.
.Fonte:
Blog de Mauricio zAGARI
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