Revista Adultos 4° trimestre 2023

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Eu não tive escolha



Em nossa vida somos confrontados diariamente com diversas situações que exigem que façamos escolhas. Ponho a luva ou o anel?, já perguntava o poema de Cecilia Meireles. Vou ao culto ou ao jogo de futebol? Canto no louvor ou participo do grupo de teatro? Me torno professor ou faço concurso pra funcionário público? Caso ou compro uma bicicleta? Eu, você, todos nós temos que fazer escolhas todos os dias. Algumas são escolhas bobas, como que prato comer no almoço. Outras têm consequências graves e eternas, como a pessoa com quem vamos nos casar e compartilhar o resto de nossos dias e noites. Recentemente, uma pessoa conhecida tomou uma decisão que vai impactar seu destino, mas, aparentemente, não fez a opcão que mais desejava. E justificou-se com essa frase: “Eu não tive escolha”. Talvez você passe por situações assim ou esteja enfrentando neste exato momento um grande dilema, que exija de você escolhas que serão decisivas. Pois ouça o que vou te falar: ao tomar uma decisão você sempre tem escolha. Sempre.
Por quê? Pois Deus presenteou você com uma dádiva maravilhosa, chamada “livre-arbitrio”. Então, não se ofenda, por favor, mas um cristão dizer “eu não tive escolha” é um gesto de ingratidão a um presente extremamente generoso concedido por Deus. Além de, implicitamente, estar chamando o Criador de mentiroso. O Senhor deu o direito de livre escolha à humanidade desde Adão e Eva. Só que, do Eden até nossos dias, a humanidade se justifica ao fazer más escolhas com desculpas como “foi a serpente”, “foi a mulher que Tu me destes”, “eu não tive escolha” e frases do gênero. Então, se você parar pra pensar biblicamente, “eu não tive escolha” é uma frase antibíblica.
Na Biblia vemos isso muitas e muitas vezes. Pilatos tinha uma escolha e preferiu lavar as mãos do que libertar Jesus – porque havia uma multidão pressionando-o. Herodes tinha a escolha de não decapitar João Batista, mas como os olhos de todos na festa estavam voltados para ele, optou por executar o primo de Jesus e exibir a cabeça dele numa bandeja de prata. Arão tinha a escolha de não fazer o bezerro de ouro, mas o clamor popular o levou a cometer a abominação. O povo tinha a escolha de não construir a torre de Babel, mas só com a intervenção de Deus eles pararam a obra. Aos amigos de Noé foi dada a escolha de entrar ou não na arca, mas optaram por ignorar o que o homem de Deus lhes falou e acabaram morrendo de forma trágica. Judas tinha a escolha de não trair o Mestre, mas preferiu as trinta moedas – e acabou enforcado e com as tripas espalhadas pelo chão. Ananias e Safira tinham a escolha de serem honestos e sinceros quanto ao que desejavam em seu coração, mas decidiram agir com desonestidade e acabaram fulminados. Jacó tinha a escolha de casar-se com Lia, mas decidiu esperar sete longos anos para ficar com quem amava de fato. Moisés tinha a escolha de encarar sua escolha errada de matar o egipcio e se retratar, continuando a viver em paz no palácio, no Egito, mas optou fugir para Midiã, onde virou trabalhador braçal. Os irmãos de José tinham a escolha de não o tratarem como trataram, mas escolheram vendê-lo e, assim, fizeram dele um escravo.
Aliás, esse é o unico tipo de gente que não tem escolha: escravos. Esses não são donos de seus destinos. Fazem o que os outros querem. Escravos abrem mão de seus sonhos, seus desejos e suas vontades para viver vidas que não são suas. Que não lhes completam. Que são mentiras. Vem então a pergunta: na sua vida você é quem toma suas decisões ou é escravo da vontade alheia?
Porque, especialmente nós, que vivemos em igreja, sofremos muitas pressões. Pressão para trabalhar em algum departamento, pressão para se casar “na idade certa” e com “a pessoa adequada”, pressão para manifestar dons… pressão, pressão, pressão. E muitos são os que lavam as mãos e soltam Barrabás. “Eu não tive escolha”, dizem. Mas é claro que teve escolha! Só não teve peito de fazer a escolha de seu coração, encarar as pessoas e dizer “NÃO É ISSO O QUE EU QUERO! Não é esse o rumo que quero dar à minha vida.”. O clamor da multidão gritando “Crucifica-o! Crucifica-o!” levou Pilatos a se anular e seguir a escolha das massas. O resultado? Cruz para um inocente. Mas que ele tinha escolha… ah, isso tinha. “Não tinha como dizer não”, deve ter alegado. Então vou ensinar, repita comigo: “Não!“. Pronto, simples assim.
Vejo isso todos os dias. Pessoas vivendo infelizes ano após ano após ano porque fizeram as escolhas erradas. Porque cederam à pressão do grupo. No post “Solitários, carentes e infelizes” já tratei um pouco desse tema, mas volto a ele por continuar vendo cristãos estragarem suas vidas quando poderiam tomar outros rumos.
Se você faz uma escolha sob a pressão de situações e grupos, ao final todos voltam felizes para seus lares e vão cuidar de suas vidas. Mas quem fica ali, infeliz, é você. Sentindo-se míserável, um morto-vivo. Condenado ao choro escondido pelo resto de seus anos, encharcando de lágrimas seu travesseiro e seus bichos de pelúcia, numa tentativa desesperada de lidar com todas as frustrações que uma escolha errada causou. Tudo porque um dia não teve coragem de fazer a escolha certa – e entregou sua escolha numa bandeja de prata aos outros. Mas os outros não vão chorar por você ou com você! Vão cuidar de seus próprios problemas. Já parou pra pensar que nenhum daqueles que gritaram “Crucifica-o!” foi crucificado? E que nenhum dos que estavam no banquete com Herodes teve a cabeça arrancada  do corpo? Então para eles é fácil.
“Eu não tive escolha” é uma frase que não justifica nada. Em nome dessa frase, muitos de nós cometemos pecados bárbaros, seguimos por caminhos de morte, fazemos bezerros de ouro e criamos problemas que se não forem solucionados logo vão virar uma bola de neve que, depois, para ser resolvido, torna-se muito mais difícil e doloroso. Ou vira um decreto de infelicidade diária pelo resto da vida.
“Se, pois, o Filho vos libertar, verdadeiramente sereis livres”, diz a Palavra de Deus.  Você é livre para fazer suas escolhas. É livre para tomar as rédeas da sua vida, mas também é livre para se tornar escravo. Pois sempre se tem escolha. Sim, é possível tornar-se escravo por desejo próprio, voluntariamente. E aqui um ponto importantíssimo: as suas escolhas podem não ser as mais populares ou fáceis de tomar. Mas, do ponto de vista bíblico, escolhas nunca foram feitas para serem populares ou fáceis. Foram feitas para serem certas ou erradas.
Pense em alguma escolha séria que você tenha feito recentemente. Esqueça tudo. Esqueça a pressão das pessoas. Esqueça a situação social em que a escolha foi feita. A única pergunta que você deve se fazer é: “A escolha foi certa ou errada?”. Se foi certa, vá em frente e siga em paz. Se foi errada, não importa o que te custe: conserte o erro. Pois, como diz a Palavra, “aquele que confessa e deixa alcança misericórdia”. Consertando um erro, você pode passar pelo que for…alcançará misericórdia.
A decisão certa, custe o que custar
Vou contar uma história que considero bem ilustrativa e que depois que tomei conhecimento passou a nortear muitas de minhas escolhas. É uma história verídica. Tenho um amigo pastor. No inicio de seu ministério você pode imaginar a pressão que era para ele se casar logo. Pastor solteiro não é lá muito bem visto, a gente sabe, então eram pessoas e mais pessoas e mais pessoas pressionando. “E aí, casa quando?”. “Vai ficar pra titio, hein”. “Você está sendo exigente demais”. “Melhor casar que abrasar-se”. “Todos os seus amigos já se casaram, e você, quando desencalha?”. E por aí vai. Então, para cumprir o manual da sociedade, ele ficou noivo de uma boa moça. Moça bacaninha, de família, até tocava teclado no louvor, veja você. A “candidata ideal”. A igreja e os parentes agora estavam satisfeitos. Mas o coração dele estava pesado, pois em seu íntimo sabia que não amava aquela moça o suficiente para construir com ela um projeto conjunto de vida. Mas fez o que os olhares ao seu redor esperavam dele. Ficou noivo. Marcou data. Encomendou buffet. Distribuiu os convites. Mas, a poucos dias do casamento, lendo a Biblia, caiu justamente no trecho sobre a morte de João Batista.
Diz o texto que Herodes estava num evento social, cercado de gente, e encantou-se tanto pela dança da filha de Herodias que lhe jurou que se ela pedisse algo ele lhe daria. E ela pediu a cabeça de João Batista. Diz o texto: “Entristeceu-se o rei, mas, por causa do juramento e dos que estavam com ele à mesa, determinou que lha dessem; e deu ordens e decapitou a João no cárcere”.
Meu amigo leu isso e foi como um soco no estômago. Pois viu que estava comprometendo sua felicidade por toda a vida “por causa do juramento e dos que estavam com ele à mesa”. Estava se preparando para viver uma grande mentira. Pior: ao viver essa mentira, estava ainda por cima iludindo e enganando a noiva, fazendo-a se sentir alvo de um amor que na verdade não existia. Sendo desonesto com ela. Porque, sejamos sinceros, quem gostaria de se casar com alguém que não nos ama, por mais que nós a amemos? “Casamento por caridade? Não”, pensou meu amigo, que é um homem de Deus, “isso está errado”.
Então, apesar das criticas, do espanto geral e até de ofensas que sofreu, desmanchou o noivado. Foi difícil. Mas foi o certo. Anos depois ele conheceu sua atual esposa, com quem se casou. E adivinha só? Eu fui um dos padrinhos do casamento. E hoje eles vivem felizes, com uma filhinha simpatissíssima. Curioso é que hoje, na igreja e nas famílias. ninguém mais se lembra da história daquele noivado desfeito, caiu no esquecimento com o tempo. Mas meu amigo vive feliz e isso todos reparam sem que ele precise vestir máscaras. Esse pastor, inclusive, foi quem celebrou meu casamento e é meu amigo pessoal. Ele me diz que, apesar do estresse social que enfrentou ao desmanchar o noivado, nunca se arrependeu. O estresse passou, os anos se passaram, todavia a felicidade de ter seguido pelo caminho momentaneamente mais difícil porém correto… essa permanece até hoje.
Aí eu te pergunto: ele tinha escolha? Tinha, como sempre se tem. Tomou a decisão mais fácil e popular? Nem de longe. Mas hoje, anos depois, pergunte a ele se em algum momento se arrependeu de ter feito a escolha correta.
Deus nos deu o presente maravilhoso do livre-arbítrio. E muitas vezes usamos esse presente concedido do Alto como marinheiros embriagados. Não valorizamos esse dom. Queridos, Deus deu ao ser humano o direito de escolher! Você já parou para pensar em que enorme privilegio é ter a capacidade de escolha?!  Mas muitos de nós jogam esse presente no lixo, abrem mão dele e tocam suas vidas pela vontade alheia.
Você tem que fazer uma escolha? Está num momento crucial de sua vida?  Pois escute, querido, Deus te deu a capacidade, a liberdade e a honra de escolher.  Não desperdice isso. Não faça pouco caso dos tesouros que o Senhor te concede. Faça mais do que o que é certo: faça o que é  honesto. Honesto com você e com todos os envolvidos. Não viva uma mentira. Pois aí você nem mesmo estará vivendo: estará apenas sobrevivendo à infelicidade dos dias.
Paz a todos vocês que estão em Cristo.

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